quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A importância do relacionamento com a imprensa - como ela funciona (2)

By Fábio Couto A notícia é a narração ou descrição de um fato. É uma forma de se contar uma história. No primeiro post, destaquei a importância de se ter um relacionamento mais próximo e sólido com a imprensa, como forma de se estabelecer uma estratégia de divulgação. Entender um pouco do funcionamento da imprensa é dar um passo firme em direção a uma divulgação mais segura e sólida. Para isso, é importante saber o que é exatamente do que estamos falando. Imprensa é o conjunto de veículos de comunicação e informação que têm como atividade básica o jornalismo. E jornalismo é a atividade de informar sobre fatos, notícias, acontecimentos que são ou podem ser importantes.
Sua majestade, as notícias: Ou seja, a notícia é a matéria-prima do jornalismo. Ela se destaca por ser relevante, inusitada, diferente, próxima de quem recebe a informação e principalmente nova. A notícia é a narração ou descrição de um fato - positivo ou negativo - que pode mudar a rotina de pessoas ou simplesmente atrair a atenção de quem se interessa por determinados assuntos. É uma forma de se contar uma história. Pode ser um acidente de carro, um parto numa rua movimentada da cidade, um casamento coletivo, uma medida do governo, uma empresa que faliu, uma manifestação por melhores salários ou uma nova peça de teatro. Num veículo de imprensa - jornal, revista, site da internet, TV ou rádio - o repórter é o agente da notícia. É ele quem apura e leva a informação para a avaliação dos editores e chefes de reportagem para eventual publicação. É o repórter que redige as notícias. Atualmente ele sugere pautas para os jornais (falaremos delas depois), a partir dos fatos que acontecem a todo momento. Nessa linha, conhecer o repórter que cobre a área de cultura é um ponto importante para a estratégia de se ter uma boa comunicação, já que é esse profissional que será a porta de entrada para os veículos de interesse. Conhecer editores e chefes de reportagem também é importante, mas são pessoas mais ocupadas e tendem a ser mais seletivas com relação a compromissos e agendas. Mas ao mesmo tempo que se deve pensar em relacionamentos, é preciso ter em mente que a notícia obedece uma forma de apresentação, seja qual for a mídia. Toda a estrutura de notícia está baseada em um conceito conhecido como "pirâmide invertida", onde as principais informações são apresentadas no início da matéria. O primeiro parágrafo é chamado no meio de lead (ou lide), e respondem a seis perguntas: - O que aconteceu/está acontecendo? - Quem é (são) o(s) personagem(ens)? - Como o fato ocorreu? - Onde o fato ocorreu? - Quando o fato ocorreu? - Por que o fato ocorreu? Nenhum veículo de imprensa vive apenas de texto, depende de uma série de outros elementos para que a notícia exista. Fotos, videos, gráficos e tabelas, por exemplo, podem compor reportagens - mesmo que em telejornais e, principalmente, na internet. Em alguns casos, uma foto ou um vídeo pode substituir um texto e contar melhor uma história. Exclusividade: Fatos de amplo conhecimento serão publicados por vários veículos, variando nesse caso de acordo com o interesse público e o segmento do veículo. Mas o que diferencia cada veículo é a capacidade de publicar fatos novos e exclusivos. É a notícia inédita, que ninguém deu, que tornam veículos diferenciáveis uns dos outros. No jargão do setor, é o "furo". Os melhores jornais do país e do mundo são conhecidos pelas notícias exclusivas. Quanto mais relevantes forem os furos, mais importantes eles se tornam. Claro que a apuração é que define o furo. Existem as reportagens investigativas, que são feitas a partir de informações checadas pelos repórteres - o ponto de partida pode ser um anúncio de jornal, um comentário de uma fonte, um documento, uma denúncia. Existem as informações exclusivas que são "vendidas" pelas assessorias de imprensa, direcionando as notícias para um só veículo, como forma de garantir espaço na publicação - veremos mais à frente que essa estratégia pode ser proveitosa para os dois lados, mas o excesso da prática acaba distorcendo o conceito de furo. E existe o golpe de sorte, de estar no local certo e na hora certa do fato ocorrer. Deadline: Toda notícia tem um prazo de validade. Os jornais fecham diariamente entre 20 e 21h, para seguir para as gráficas. Revistas têm prazo mais longo, dependendo da periodicidade. Internet é quase tempo real, assim como agências de notícias. TVs e rádios dependem do tipo de programa. Mas toda notícia tem um prazo para ficar pronta. É o deadline. Quando não cumprido, o repórter corre o risco de ver sua pauta "cair". Barriga: Vou dar um exemplo prático: na Copa do Mundo aqui no Brasil, um conhecido jornalista, colunista de um dos principais jornais do país, estava em vôo entre dois dos aeroportos mais movimentados do país quando encontrou uma pessoa e a identificou como sendo o técnico da Seleção Brasileira de Futebol. Em uma conversa rápida, acabou apurando algumas informações, despediu-se, trocou cartões com sua fonte e redigiu o texto. Horas depois, uma "errata" (texto que corrige uma informação) explicava, desculpando-se com os leitores, que a entrevista não havia sido feita com o técnico, mas sim com um sósia, que é conhecido por participar de comerciais de TV passando-se pelo técnico verdadeiro. Sem querer entrar em detalhes de como isso ocorreu, o fato foi que este tipo de publicação é a popularmente conhecida nas redações como "barriga". Oposto do furo, a barriga é uma notícia comprovadamente falsa, que pode minar a credibilidade do repórter. Neste caso em questão, nem tanto, pois a única consequência foi a série de brincadeiras e piadas na internet. Fontes/off: Fonte é a origem de uma notícia, mas convencionou-se chamar de fonte a pessoa que participa de uma notícia, que repassa informações sobre determinados temas. Por exemplo, numa reportagem sobre pesca no litoral do Rio de Janeiro, suas fontes serão, naturalmente, pescadores do Rio de Janeiro e especialistas em peixes, entre outros possíveis nomes. Quem fala abertamente sobre os temas abordados são conhecidos como "on". Fontes anônimas dão declaração "off the records" ou "em off". O uso do "off" é algo controverso na imprensa porque como não é possível conhecer a fonte da informação e o sigilo da fonte é garantido pela Constituição, considera-se nos meios acadêmicos que o uso da fonte anônima deve ser feito com parcimônia, nos casos em que a identificação pode trazer problemas e/ou riscos às fontes. No meio cultural e de entretenimento, porém, esse uso se disseminou especialmente entre jornalistas de "amenidades". Fontes também precisam de credibilidade, ou seja, os jornalistas que a elas recorrem têm que crer que as informações são quentes, válidas e verdadeiras. Mentir ou distorcer informações quando repassadas a repórteres são um bom caminho para sair da lista de fontes de uma redação. Rotina de uma redação: Apesar do glamour de um veículo de imprensa, a rotina é desgastante. Em geral, os veículos possuem horário de fechamento. Dependendo do tipo de veículo há plantões de fim de semana, feriados e horários noturnos. Há uma hierarquia clara. Há funções específicas - editores, fotógrafos, designers, revisores, produtores. Os veículos podem ser classificados por segmentos - generalistas ou segmentados. Segmentos podem ser áreas de atuação (economia, esportes, cultura), nichos de mercado (vinhos, energia, automóveis), públicos (feminino, jovem, classe A). Podem ser classificados também pelo alcance geográfico: são locais ou nacionais ou ainda transnacionais. Podem ter correspondentes, aqueles que ficam em determinadas regiões para cobrir assuntos de interesse do veículo - um jornal de Santa Catarina pode ter um correspondente em Brasília. Ou ainda podem ser divididos pela periodicidade, O noticiário de TV depende do formato do programa. Há noticiário que é veiculado de hora em hora. Há jornais (telejornais e radiojornais também) diários. Há jornais que circulam apenas nos dias úteis, como é o caso de jornais de economia e finanças. Existem revistas semanais, quinzenais, mensais e bimestrais. Grande parte dos veículos conta com seção de atendimento a leitores/telespectadores/ouvintes e internautas. Há veículos gratuitos, há veículos que são vendidos em banca e há veículos que dependem mais da assinatura - e outros, exclusivamente assinados, como canais de TV por assinatura. Editoriais são colunas de opinião expressas pelo próprio veículo. Elas sinalizam a ideologia, a visão e a opinião sobre os principais assuntos em questão. Censura: A censura é um dos maiores temores de quem é jornalista. Significa o impedimento de que uma notícia seja veiculada - ou uma análise prévia do conteúdo antes da publicação. Quando isso acontece, é conhecida como censura prévia. Há casos de processos judiciais que pessoas conseguem suspender a venda de jornais e revistas ou a não citação de nomes e fatos. Nos próximos posts, mostrarei um pouco dos tipos de veículos de imprensa e as necessidades de cada um deles. Até lá. Fonte: VisibilidARTE - Para unir arte e visibilidade. Acesso http://visibilidarte.blogspot.com.br/

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