domingo, 23 de novembro de 2014

Do Macro ao Micro: in(versões) de trocas e valores na experiência cênica.

Por Liana Vasconcelos(Radar da Produção). A vida é engraçada! Por vezes, ela inverte a ordem natural das coisas e nos faz repensar muito sobre tudo. Cresci acostumada aos palcos com grandes plateias: desde os primeiros festivais, espetáculos de final de ano de escolas de dança até os espetáculos em companhias profissionais, às vezes com uma plateia de 2.200 lugares lotada. E confesso que é uma sensação indescritível dançar para um grande número de pessoas. É muito gratificante. Mas, atualmente, tenho experimentado, em projetos próprios, momentos únicos de experiência cênica: para poucas pessoas, para pessoas não acostumadas a assistir dança, para passantes que se surpreendem com uma intervenção artística no espaço urbano, crianças que começam a interagir com a performance… Está sendo de fato, um grande aprendizado! A aproximação e o contato com esse público são maiores, a troca de experiências é mais rica e os comentários destas pessoas sobre o que viram são os mais maravilhosos possíveis, porque são os menos dotados de conceitos e pré-conceitos, ou seja, são os mais verdadeiros e sinceros. (Foto da Oficina de movimento para crianças no Espaço Atemporal - galeria de arte).
É o vendedor ambulante de livros e discos que diz que seu filme é a “construção da desconstrução”… é a senhorinha que chora e se emociona ao assistir à performance… ou as crianças que chegam e dizem que querem ser bailarinas depois de terem me visto dançar. Do macro ao micro, algumas coisas permanecem, mas outras são completamente diferentes. O respeito ao público é sempre o mesmo, o maior possível! Seja no teatro, na galeria de arte, na praça ou na rua. Mas as relações são diferentes. E isso é incrível! Todo artista deveria ir do macro ao micro. Se colocar disponível neste trânsito cênico e aprender de cada experiência lições para sua vida e seu fazer artístico. Já dizia o Milton, que “Todo artista tem de ir aonde o povo está…”, eu acrescento que além de ir, ele tem que interagir com este povo também. Porque é na troca com o público que a arte cumpre sua verdadeira função: a de criar novas formas de ver e viver o mundo.
Liana Vasconcelos. Bailarina clássica formada pela Escola Estadual de Dança Maria Olenewa(Fundação Theatro Municipal RJ) e pela Royal Academy of Dance(Londres). Graduanda em Produção Cultural na Universidade Federal Fluminense. É colaboradora da Revista de Dança Online. Fonte: Radar da Produção. Acesso em http://blog.radardaproducao.com.br/danca/8806/do-macro-ao-micro-inversoes-de-trocas-e-valores-na-experiencia-cenica/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=do-macro-ao-micro-inversoes-de-trocas-e-valores-na-experiencia-cenica

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