quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

VALORES MORAIS E EDUCAÇÃO

Marly Melo De Luca, mestre em Educação pela UFRJ, com experiência em Administração na Educação Infantil, Fundamental, Média e Superior, em Orientação
Pedagógica Educacional e também em Magistério e Diretora Geral do Instituto de
Pesquisas Avançadas em Educação



Serão o valores morais perenes? Eles dependem da Educação ou é a Educação que depende deles?

Essas questões sempre afligiam o homem, através dos tempos.

Se tomarmos por base a axiologia dos valores e a História da Filosofia veremos que tais perguntas tem tido respostas diferentes de acordo com várias correntes.

Se pensarmos em termos de Idealismo, teremos o Homem sempre, através do aprimoramento de seus conhecimentos, buscando uma postura ideal. E, nesse caso, o valor existe em si mesmo; o homem luta para atingí-lo. Se transferirmos isso para a Educação, o professor seria o conhecedor dos valores morais; ele saberia o que estava certo ou errado e seu discípulo aprenderia com ele, seguiria a sua trilha, na ânsia de atingir a perfeição.

Se no entanto, procurarmos responder a tal questão de forma subjetivista, pragmatista, o valor moral reside no próprio homem. As coisas que nos rodeiam são percebidas em função do valor que o homem lhes atribui.

Assim sendo, a Educação seria o veículo capaz de fazer brotar no Homem, sua capacidade de valoração. O professor seria apenas o orientador dos princípios que o aluno adotaria como seus valores morais, de acordo com seu sentir.

Numa terceira posição relativista e até certo ponto mais cômodos a relação Homem x Valor moral existe através das circunstâncias. Conforme o que a Sociedade necessita, psicologicamente, politicamente, economicamente, estará então o homem atribuindo mais ou menos valor moral a isso ou aquilo, por exemplo: casamento, bigamia, prostituição, educação, solidariedade...

Atualmente, a Educação se debate entre várias correntes. São muitas as posturas, dependendo da ideologia vigente. O mais difícil de se conseguir, no entanto, é o senso comum. Leis são redigidas, postas em prática mas, nem sempre, verdadeiramente vivenciadas. O professor tradicional vê-se apontado pelos modernistas, como se todos os seus valores não tivessem qualquer valor. Reagem, então, e atacam os progressistas, acusando-os de permissivos. E nesse duelo, o aluno fica sem entender muita coisa, principalmente porque a família também delegou muitas de suas atribuições a escola que , dia a dia, perdida no peso de seus encargos, está deixando escapar o valor dos valores morais mais perenes, com a desculpa de que eles não podem ser tão perenes assim porque devem-se adequar às necessidades.

Nesse contexto, qual seria então o papel da Educação, do educador e do educando?

Felix Cayela e Cayela, meu professor de Filosofia que há muito se foi, para filosofar em outra dimensão, afirmava (na década de 80) que:

“O educador é um ser que pensa.
O educando é um ser com direito de pensar.”

Felix Cayela


Quando se pensa, se fala ou se pretende fazer Educação não se pode agir em uma só direção. Temos que nos prender a dois aspectos: o de quem transmite educação e o de quem recebe educação. O processo é portanto bilateral. Tradicionalmente, pressupõe-se que o Mestre, por sua condição de mestre, pouco ou nada tem a aprender e muito deverá ter para transmitir. Por sua vez, o aluno, justamente por sua condição de aluno, deverá absorver de seu mestre os ensinamentos que lhe são passados.

Mas, em tudo isso, existe uma questão fundamental: quantas vezes o mestre se comporta como mestre; quantas vezes o aluno se mostra como aluno? Quantas vezes, ainda, nos conscientizamos de que Educação deve ser um verbo reflexivo, também.

Examinando as várias teorias filosóficas, conclui-se que, em qualquer tempo, lugar ou situação, só é mestre aquele que comunica ao educando a sua experiência; aquele que pensa e reflete junto com seu aluno; aquele que não vê só seu papel apenas como transmissor de conteúdos e valores mas o que é capaz de despertar, no seu aluno, o poder de reagir e refletir; aquele que é capaz de ver o “educando como um ser com direito de pensar” e de buscar sua autonomia no resgate da cidadania.

Ressignificar a prática docente, atribuindo ao professor o papel de mediador contribuirá, certamente, para que essas premissas se tornem cada vez mais próximas da realidade e que os valores morais e a Educação sejam uma constante na construção plena do cidadão.





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