segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O que é viver de arte?

Por Fábio Couto. Viver da criatividade foi uma decisão de cerca de 866 mil pessoas, empregadas ou empreendedoras que têm a criação como matéria-prima. segundo dados da Firjan, de 2010. Uma das situações mais conflituosas, dolorosas e inseguras que vivemos é a escolha da nossa profissão. Muitos de nós devem se lembrar como foi esse processo de escolha e decisão. Principalmente a aceitação por parte de quem nos cerca. É natural. Somos bombardeados todos os dias com uma artilharia pesada de informações sobre ser bem sucedido, ter a ocupação ideal, fazer o que se gosta (e viver bem), sobre estabilidade, entre outras coisas. Mas alguns mitos que alimentamos precisam ser derrubados. Até porque nem todas as escolhas corresponderão a bons salários ou reconhecimento das pessoas. Há profissões que desmotivam quando se olha o contracheque. Pensem nos professores de um modo geral, assistentes sociais, motoristas, enfermeiros, bombeiros, que escolhem tais profissões muito mais pelo prazer pessoal ou por outras motivações do que propriamente dinheiro. Não significa que ninguém possa ter uma melhor remuneração - professores podem dar aulas particulares, por exemplo. Nas no geral, é a motivação, e principalmente, o conjunto de características de cada pessoa que dita as escolhas. Já conheci casos de pessoas que escolheram ser taxistas pela sensação de liberdade que ela proporciona. Já soube de casos de pessoas que gostam de lidar com máquinas e equipamentos pela habilidade em consertar defeitos e lidar com ferramentas. Há muitos que querem ser professores porque gostam de lidar com crianças e adolescentes e são "viciados" em vê-los se desenvolverem. E há quem não escolheu nenhuma área: trabalha em determinados segmentos por força das circunstâncias. Quem escolheu viver de artes, cultura, entretenimento e cia precisa saber que integra um mercado que compõe a chamada economia criativa - nicho que, estima-se, movimenta dezenas de bilhões de reais por ano e emprega o mesmo que a população de muitas cidades médias. Viver da criatividade foi uma decisão de cerca de 866 mil pessoas, empregadas ou empreendedoras que têm a criação como matéria-prima. segundo dados da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) de 2010. Dados do IBGE, também de 2010, apontam para a movimentação de R$ 104 bilhões de reais pela indústria criativa no Brasil, contribuindo para cerca de 2,8% do Produto Interno Bruto daquele ano. CCBB, em Brasília: cultura é um dos setores mais importantes da economia.
(Foto: Leandro's World Tour - Leandro Neumann Ciuffo). Em outras palavras, atuar nesse segmento significa que um real gerado multiplica-se na economia em dezenas de vezes, pois estamos falando de um segmento que reúne pelo menos 15 áreas, que vão da publicidade à moda, passando por design, gastronomia e cinema. As artes são parte da economia criativa. E viver dela significa, para muitos, abdicar de uma vida estável, de profissões que garantam um salário no fim do mês ou benefícios como plano de saúde ou previdência privada pagos pela empresa. Por outro lado, viver da criatividade significa apresentar um trabalho único, que nenhum outro conseguirá fazer igual. A área de artes e cultura não é conhecida por ter os melhores salários ou garantir os maiores ganhos financeiros - não estou falando do show business, claro. As contas... Essa é a má notícia: temos contas que precisam ser pagas todo mês. Como você vive financeiramente? Seus ganhos te permitem uma vida feliz? Ou você é feliz e realizado, mas queria uma conta bancária mais polpuda de vez em quando? Cachês ou salários; carteira de trabalho ou contrato por obra; empresas de mídia ou coletivos culturais: o mais importante entre essas questões é que a cultura, as artes e o entretenimento podem ser caminhos profissionais relevantes. Antigamente, muitas famílias assustavam-se quando filhos diziam que queriam ser artistas, músicos etc, quando crescidos. Não havia até há pouco tempo a visão da cultura como um elemento de transformação, exceto para algumas poucas áreas. Ser ator de TV ou músico, ou ainda bailarino, era sinônimo de trabalhar com as pessoas que estavam nas classes mais próximas da marginalidade ou da promiscuidade - preconceitos velada ou explicitamente existentes nas casas dos pretendentes a artistas. Basta ler ou assistir entrevistas de atores e atrizes, músicos, artistas plásticos e escritores. Felizmente, toda essa visão tem ficado para trás. O preconceito diminuiu (não posso afirmar que acabou) mas a preocupação para quem decide ser um artista passa a ser fechar as contas todo mês, formar públicos e planejar o futuro. Acredite: ter um plano de vida é essencial para quem vive de cultura. Sem isso, a frustração pode bater à porta em pouco tempo. Por isso pergunto: qual seu plano para viver de arte? Sobre o BLOG: O VisibilidARTE é um blog sobre o mercado artístico e cultural, com notícias, informações e conteúdos relevantes e úteis sobre artes, entretenimento e cultura para quem trabalha nesses segmentos. A cultura é um dos pilares da economia criativa, segmento da economia que gera bilhões de reais em receira e emprega milhares de pessoas que vivem da criatividade, do talento individual e das mais variadas formas de expressão. O blog existe há uns anos, começou com informações sobre o vaivém dos artistas do audiovisual, mas foi estruturado para atender a um amplo grupo de artistas e produtores. Fonte: VisibilidARTE. Acesso em http://visibilidarte.blogspot.com.br/2015/01/o-que-e-viver-de-arte.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+Visibilidarte+(VisibilidARTE)

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