quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Imaginação, Fé e Arte: turismo Cultural.

Por Rita Nobre*. Domingo 18h, descendo a Misericórdia e deixando para trás a multidão de fiéis que saíam da missa na Igreja de São Sebastião, passo por senhores e senhoras com suas melhores roupas, chapéus, luvas, tudo para aproveitar o finzinho de domingo. Logo, chego aos pés da ladeira, no Largo da Misericórdia, virando à direita me deparo com a Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso e olho a chuva de arroz, os noivos, os convidados, opa… convidadas de minivestidos de festa? Que mudança de vestuário é essa? Olho para trás e não há mais nada ali. Só o calçamento pé de moleque do séc. 17 e uma ladeira que termina no vazio, o morro do Castelo se foi.
Se fosse possível, apenas por uns instantes, voltarmos no tempo, com certeza veríamos a cena que descrevi, e mais, dentro da Igreja de São Sebastião admiraríamos sua rica talha, seus arcos decorados da nave central e veríamos a multidão no dia 20 de janeiro, dia do santo padroeiro. Ainda no alto do morro, mas um pouco mais abaixo, a Igreja de Santo Inácio também não existe mais. Seus retábulos sobreviventes estão bem guardados na Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso. Deixando a saudade de lado, seguimos até a praia de Santa Luzia, o sonho não ficou tão pra trás assim. Ali vemos a igreja de mesmo nome, que estava junto ao mar e hoje parece torta em relação à rua principal. Ainda é possível ver o que restou das muralhas que separavam a igreja do mar, descendo para o moderno estacionamento subterrâneo da avenida Presidente Antônio Carlos. Caminhamos um pouco mais e vamos em direção ao Largo da Carioca. Descendo a Nilo Peçanha já vislumbramos o que nos aguarda: o Convento de Santo Antônio e a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. O primeiro, ainda em restauração, possui belos painéis de azulejos portugueses do séc. 17 e o interior barroco com madeira jacarandá. A segunda com seu interior barroco de talha dourada, sua imagem do Cristo seráfico no altar e a pintura em perspectiva no teto é uma jóia escondida.
Ainda dá tempo de vermos mais três igrejas no caminho de volta: Nossa Senhora Mãe dos Homens, aquela da aquarela de Debret; Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte, na rua do Rosário, e a que foi catedral durante 71 anos, só perdendo o posto pra Nossa Senhora do Carmo, com a chegada de Dom João VI, Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, onde está sepultado o mestre Valentim.. O nosso circuito Fé e Arte chega ao fim. Com um pouco de imaginação, ainda podemos ver o que foi e o que ainda é o esplendor da arte sacra do Rio de Janeiro.
*Rita Nobre: Graduada em Turismo pela Estácio de Sá e com MBA em Turismo e Negócios pela UCAM. Atualmente cursa Gestão Cultural pela ABGC na UCAM. Desde 2007 participa como co- autora de roteiros de caminhadas culturais pelo centro do Rio. Fonte: Radar da Produção. Rua Ubaldino do Amaral, 70, Rio de Janeiro. RJ 20231-016. Brazil. Acesso em http://blog.radardaproducao.com.br/turismo_cultural/8870/imaginacao-fe-e-arte/

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