segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Polêmica: dublagem versus legendagem versus pessoas com deficiência.

Por Giovana Amorim e Lucinéa Villela . É cada vez mais constante o debate sobre a preferência por programação dublada ou legendada no contexto cinematográfico e televisivo. Desde que as salas de cinema e os canais de TV a cabo passaram a exibir filmes estrangeiros dublados e legendados, o conflito de ideias só aumentou. Por um lado, uma grande parte da população prefere os filmes dublados. São várias as razões que levam a essa escolha: não se perde tempo com a leitura das legendas, o espectador pode acompanhar a história mais rapidamente e consegue aproveitar mais os aspectos visuais do filme. O profissional essencial para que a dublagem seja de boa qualidade chama-se dublador. Somente com uma excelente performance em sua atuação a dublagem se encaixa perfeitamente na obra, garantindo total aproveitamento. No “Blog da Audiodescrição”, encontramos diversas matérias que buscam esclarecer o crescimento da oferta de filmes dublados em canais de TV fechada. Algumas das razões que justificam esse fato é o aumento de assinantes da classe C, cuja preferência por filmes dublados é de 76%. Contudo, segundo o site, a crescente preferência pela dublagem também pode ser explicada pela nova relação entre audiência e TV: o comportamento multitarefa, no qual o espectador divide sua atenção entre a televisão, o computador e outras tecnologias. "Precisamos considerar o fenômeno da segunda tela, com as pessoas vendo TV conectadas na internet. É por isso que a classe AB não rejeita de todo a dublagem", analisa Cristiane Cristiane Finger, professora de telejornalismo da PUCRS. A busca pelo áudio original: Os filmes legendados, por sua vez, trazem o conforto do áudio original, além de permitir que o público mantenha o contato com outras línguas. Muitos cinéfilos radicais preferem assistir filmes legendados por acreditarem que podem aproveitar a ocasião para comparar original com tradução, havendo assim uma oportunidade para aperfeiçoar o conhecimento de língua estrangeira. Maicon Milanezi, aluno de Rádio e TV da FAAC/Bauru, considera que a dublagem descaracteriza a interpretação. Segundo o estudante, "A dublagem tem sido uma forma de massificação do conteúdo uma vez que o número de assinantes de TV tem aumentado; porém as emissoras são desrespeitosas, uma vez que não pensam no público todo e não liberam as legendas como opção". Recursos de acessibilidade: A polêmica entre dublagem e legendagem também acontece entre as pessoas com deficiência auditiva e visual. Quando tratamos de acessibilidade, é importante perceber que o direito de receber produções com audiodescrição, legendagem e LIBRAS por meio dos canais de TVs aberta e fechada e da produção cultural no todo é uma conquista recente e que foi muito adiada, chegando a ponto de poucas emissoras transmitirem conteúdo realmente acessível. Isso faz com que o número de produtos audiovisuais que possuem acessibilidade seja ainda muito reduzido, o que restringe também a possibilidade de um aproveitamento eficaz dos meios de comunicação televisivos e até mesmo do cinema. A TV aberta apresenta poucos programas com algum recurso de acessibilidade, por outro lado, a TV fechada também não abrange a o público de forma irrestrita, seja por falta de recurso tecnológico que funcione em todos os receptores, seja por não transmitir uma programação que apresente recursos para mais de um tipo de deficiência. Muitas vezes, os deficientes visuais brasileiros só vão encontrar filmes estrangeiros que possuem a legenda. Vemos assim que há a necessidade de uma política que amplie a formação de dubladores e audiodescritores. Esse é o caso de projetos e grupos de estudo como o MATAV, que promovem o conhecimento sobre essa área da acessibilidade à comunicação. Legendas para surdos e ensurdecidos: Há um grande problema com a falta de legendas que, realmente, é assoladora em programas e filmes. Os deficientes auditivos sofrem com isso. Não se pode esquecer que a legenda normalmente produzida para filmes e programas estrangeiros não é a legenda que contempla a essas pessoas. A legendagem como recurso para surdos tem que ser mais detalhada, passar realmente o que acontece durante o filme da maneira mais total e completa possível, para que não se percam detalhes do enredo. Entrevistamos a aluna de Jornalismo da FAAC/Bauru, Ana Raquel Mangili, que possui uma perda auditiva moderada, para saber sua opinião sobre a importância de legendas em filmes e programas televisivos. Ana Raquel relata que só consegue compreender as mensagens sonoras em formato digital se houver as legendas. "Não adianta nada eu assistir um filme dublado, pois dele só captarei as imagens e algumas palavras soltas, ausentes de seu contexto, o conteúdo significativo estará perdido, fora de meu alcance. Portanto, só pego sessões de cinema legendadas e quase nem assisto TV devido à grande falta das legendas ou má qualidade do recurso Closed Caption disponível na programação". As legendas são de extrema importância à comunidade dos Surdos Oralizados, que são as pessoas que, mesmo com pouca ou nenhuma audição, adotaram o português, e não a Libras, como língua materna. A demanda por acessibilidade se mostra, então, grande e plural. A garantia de direitos básicos entre todos os cidadãos e assegurada pela constituição, mas na prática as diferenças ainda são inferiorizadas. O debate sobre a legendagem e a dublagem de programas e filmes continuará enquanto não houver abertura para a produção de ambos os recursos, não só na mídia e no entretenimento visual, mas em todos os campos culturais. Origem: Mídia Acessível e Tradução Audiovisual - Grupo de Pesquisa Matav - Unesp Bauru. Fonte: Blog da Audiodescrição. Acesso em http://www.blogdaaudiodescricao.com.br/2014/11/polemica-dublagem-versus-legendagem-versus-pessoas-com-deficiencia.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+BlogDaAudiodescricao+%28Blog+da+Audiodescri%C3%A7%C3%A3o%29

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