sábado, 31 de janeiro de 2015

Aptidão em dança: busca por referências brasileiras (UNICAMP).

Por Gabriela Villen (texto). (Images:Antonio Scarpinetti, Images Editor: Paulo José Cavalheri). Se a preparação para o vestibular costuma ser algo padrão para a maioria dos estudantes, os concorrentes às vagas do curso de Dança do Instituto de Artes (IA) da Unicamp têm que ir além. Para eles não basta acertar o gabarito da primeira fase, nem dar as respostas adequadas às questões dissertativas da segunda. Precisam mostrar preparo físico, técnica e acima de tudo criatividade. Esse é o material avaliado nas provas de habilidade específica que compõem a nota da segunda fase do vestibular para ingresso no curso. Os 90 candidatos aprovados na primeira fase que disputam as 25 vagas oferecidas passaram, desde segunda-feira (20), por mais três provas: palco, técnica e criatividade. Segundo a professora Graziela Estela Fonseca Rodrigues, coordenadora das provas, a principal dificuldade dos candidatos são os vícios de uma formação vinculada à mídia e à cultura de massa, que resume a dança a uma repetição de passos. “A dança não é uma repetição de passos. O automatismo não é alguma coisa que traga um desenvolvimento em dança. A identidade corporal, a sensibilidade, a qualidade da realização do movimento acabam sendo deixadas de lado”, afirma a professora. Para a prova de palco do vestibular deste ano os candidatos deveriam preparar uma coreografia de até três minutos tendo como tema uma obra de Tarcila do Amaral.
A temática foi anunciada em agosto, quando é disponibilizado o Manual do Candidato. Apesar da antecedência da informação, na prática o tempo de preparo da coreografia fica bem restrito. A necessidade de estudar para as demais disciplinas que compõem a primeira e segunda fases e as provas dos vestibulares nas outras universidades, também concentrados nessa época do ano, impossibilitam os candidatos a se dedicarem à preparação da coreografia. “Eu comecei a preparar[a coreografia] em novembro, porque eu quis me concentrar nos estudos para passar da primeira fase”, afirma Beatriz Leal. “Se começasse só a dançar desde que saiu o manual, a gente não passaria da primeira fase. E depois tem as provas dissertativas, que para mim é a parte mais difícil. Porque a dança, por mais que eu tenha que me preparar está no meu corpo desde sempre.” Nesta etapa são avaliadas principalmente a capacidade de comunicação do candidato e sua história corporal. “Nessa prova interessa basicamente o que a gente consegue apreender através do corpo em movimento”, destaca a coordenadora da prova. “O candidato deve ter uma experiência corporal que o capacite a frequentar o curso. Não é um curso apenas teórico. Há candidatos que têm um pouco tempo de dança, mas conseguem ter um bom desenvolvimento.” A etapa seguinte são as provas de técnica e criatividade, compostas por aulas e improvisações. De acordo com Graziela Rodrigues, este ano o foco foi nos quadris e articulações dos apoios dos pés. Para estimular a sensibilidade dessas regiões, foram utilizados tecidos amarados nos quadris e bacias com pedras por onde os candidatos passavam.
Além dos cinco avaliadores e diversos professores coordenando as aulas, as provas contaram com músicos tocando ao vivo na sala de ensaio. As referências musicais escolhidas para esse ano foram brasileiras, incluindo bandas de pífanos e congos. Essa escolha pretendeu vir na contramão da experiência dominante dos candidatos, baseada em modelos europeus e norte-americanos. Conforme explica Graziela Rodrigues, “o material mais estranho para eles é o brasileiro. Esse é o material estrangeiro.” O desejo de estudar fora do país durante ou após a graduação na Unicamp foi uma constante entre as candidatas entrevistadas. “Eu pretendo ir a Nova York. A cidade é muito voltada a musicais. Eu me identifiquei muito com os musicais porque misturam tudo: sapateado, ballet clássico, jazz”, diz Amanda Negrão. A ida ao estrangeiro é vista pelas candidatas como uma necessidade para ampliar as oportunidades de trabalho dentro e fora do país. Outras habilidades Além da Dança, os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Artes Cênicas, Artes Visuais e Música também exigem provas de habilidades específicas, que foram realizadas entre os dias 19 e 22, exceto para os cursos de Música, que aconteceram em agosto do ano passado. A Unicamp divulga os aprovados para as 3.320 vagas em 70 cursos de seu Vestibular 2015 no dia 2 de fevereiro. Fonte: UNICAMP. Acesso em http://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2015/01/22/aptidao-em-danca-busca-referencias-brasileiras

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