sexta-feira, 28 de novembro de 2014
ERRO DE PERCEPÇÃO.
Por João Oliveira.
Mais comum do que se imagina: estamos propensos a erros de percepção a cada momento de nossas vidas. Alguns são puramente culturais como, por exemplo, vestir roupa de frio quando se percebe que está chovendo. Claro que chuva não está associado a frio, da mesma forma que luz solar brilhante não é garantia nenhuma de calor. O problema reside no que chamamos costume cultural que nasce de uma falha perceptiva sensorial.
Nossos sentidos (visão, tato, audição, paladar e olfato) somados a propriocepção, capacidade que cada pessoa tem de perceber onde está cada parte do seu corpo, e ao equilíbrio, habilidade de manter o centro de massa corporal dentro da base de sustentação, nos dão a capacidade de interpretar o mundo para nossas tomadas de decisões. Muitas destas decisões são absolutamente inconscientes e resolvidas rapidamente por nossa mente com base no aprendizado das experiências anteriores.
Assim, uma falha no passado – mesmo não sendo originalmente nossa – pode ser perpetuada por gerações futuras através do exemplo comportamental. Difícil é perceber, por conta própria, uma situação onde estamos imersos na falha.
Outro exemplo bem comum: ir se deitar para dormir quando se está absolutamente esgotado. Isso não é uma regra! Na verdade, devemos manter um padrão de horários para que nosso corpo possa regular as taxas endócrinas e manter o corpo saudável. Essa ideia de chegar ao limite antes de dormir pode prejudicar o processo de regeneração celular e ainda causar distúrbios na evolução onírica durante o período do sono. Ocorre que, muitas vezes, o sujeito acorda mais cansado do que quando se deitou. Manter horários regulares sempre foi a melhor opção.
O sentido mais cruel quanto a estes perfis de falha é a visão. Erroneamente fomos levados a acreditar que é preciso ver para acreditar. Na verdade, funciona justamente ao contrário: é preciso acreditar antes para poder ver depois.
A visão, que é mais emocional do que física, vive pregando peças na gente o tempo todo. Objetos simplesmente desaparecem bem à nossa frente e, outras vezes, temos certeza de ter visto algo que jamais esteve ali. Usando muito da memória, a visão cria cenários a partir de (novamente essa palavra) experiências anteriores no mesmo ambiente. Assim para que se possa estar renovando sua percepção é sempre bom trocar móveis e quadros de lugar em sua própria casa. Isso irá criar uma rotina de busca por alterações em nossa mente.
Na tentativa de economizar recursos – economia neural que cria as falhas perceptivas – a visão subtrai informações que a mente acredita serem irrelevantes para o sujeito. Assim, você só perceberá objetos que forem importantes para você. Quando você coloca atenção em um objeto irá ver muitos outros semelhantes no seu dia a dia. Claro que eles sempre estiveram lá, apenas sua visão não deu muita importância a eles.
Um outro conjunto de interpretações erradas, que podemos ter, está relacionado às emoções que sentimos. A confusão sobre o que sentimos é absurda sendo quase impossível alguém ter absoluta certeza sobre suas reais emoções sobre qualquer assunto. Principalmente as emoções repentinas e fortes.
Vários experimentos já foram feitos comprovando essa perigosa situação. Sabemos que as emoções visam a manutenção da espécie humana e que muitas delas já perderam o real sentido graças a evolução social – que andou mais rápido que a genética – assim podemos ter reações oriundas de um filme que assistimos (terror ou aventura por exemplo) e levarmos para as nossas interações sociais, após o evento, comportamentos alavancados pelas produções endócrinas que ainda estão residentes no organismo.
A confusão é tamanha que se torna mais fácil um observador externo nomear as emoções de outra pessoa apenas observando a máscara facial. Ocorre que o código exibido pelos músculos da face irão revelar – ao observador treinado – o que está de fato ocorrendo no sujeito.
Prestar atenção ao ambiente pode não ser o suficiente. É necessário inovar e alterar, sempre que possível for, nossas reações diante do eventos cotidianos. Lembre-se que o cérebro odeia mudanças mas adora novidades. Entenda como isso funciona e será mais saudável e feliz.
Fonte: ISEC. Contato: (isec@isec.psc.br).
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