segunda-feira, 28 de julho de 2014

O Peixe Voador.

Por João Oliveira. No universo dos peixes o oceano é a única realidade. O peixe voador queria mais e por isso se lançou além da lâmina d’água alcançando o ar acima de todos os outros seres aquáticos. Não se trata de um salto apenas, e sim de um panorâmico voo que lhe permite vislumbrar, por alguns momentos, o mundo dos que respiram sem guelras. Este singular fato colocou o peixe-voador em uma posição de prestígio em seu meio social aquático. Disso ele falava todo o tempo como uma vantagem além da própria existência. - O golfinho, o Salmão, a Tainha também saltam acima do mar! – Disse um humilde Peixe Palhaço. - Disse-o bem! – respondeu um orgulhoso exemplar de peixe-voador – Saltam! Nós plainamos isso é bem diferente... Neste ponto da discussão o silêncio sempre imperava. Por mais que todos pudessem pular fora d’água só o peixe-voador podia “voar” quase como os pássaros. Um belo dia o peixe-voador estava próximo à costa quando, de surpresa, foi atacado por uma ave: dentro do mar! Isto o deixou perplexo! Como uma ave pode mergulhar, fora do seu universo e ainda caçar seu alimento? Estava diante da gaivota, uma ave que, assim como ele, também se aventurava além dos limites do seu ambiente natural. A gaivota entra na água, mergulha fundo e busca seu alimento se movimentando – muitas vezes – melhor e mais rápido que sua vítima. Claro, se contrário fosse ela morreria de fome. Agora o peixe-voador não era mais a espécie mais interessante dos oceanos e dos ares. Havia outra que compartilhava os dois mundos com igual intensidade. Embora cada um mantivesse seu reino de domínio preferencial podiam desfrutar do outro com naturalidade. Abatido com a recente descoberta, mas ainda mantendo a autoestima elevada, o peixe-voador mudou seu tom de excelência e passou a ser mais humilde com os outros seres, de seu ambiente, que não possuíam dotes similares ao seu. Ocorre que no meio humano também encontramos situações bem similares a essa vivida, neste curto texto, sobre habilidades alcançadas pela evolução das espécies. Um grupo de pessoas pode estar se lançando em mundos diferentes, além do horizonte conhecido de seus pares, isso traz uma grande satisfação e vontade de partilhar novas informações. No entanto, pense bem, isso pode não ser bem recebido por quem nunca foi além de suas próprias fronteiras. Também é bom pensar que, por mais que possamos ir para cima, existe sempre alguém que voa muito mais alto e que, só podemos perceber sua existência, quando mergulha em nosso campo de visão. A única vantagem do olhar pós muro é tomar conhecimento de nossas limitações e, com determinação (alguns chamam de sorte), poder usar essas informações para novas tomadas de decisões em nossas vidas. Nem todos os peixes saltam e nem todas as aves mergulham. Alguns preferem ficar em seu meio e dele extrair o melhor para si. Não há nada de errado nisso. Assim como, também é interessante observar como existem criaturas dispostas a arriscar tudo só para ter uma oportunidade diferente em suas vidas: devemos respeitar isso da mesma forma. Aventureiros ou extremamente seguros somos uma espécie diversificada em modos de viver e costumes sociais. Assim sendo, sempre haverá espaço para prospecção de algo além do nosso modo de ser. Fonte: João Oliveira. (via e-mail). Para visitar o site principal do ISEC: http://www.isec.psc.br

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