domingo, 4 de agosto de 2013
POR QUE a girafa ficou muda?
Texto de João Oliveira (com ilustração).
Como sabemos a girafa é um animal que não emite um som sequer. Ela é totalmente silenciosa, mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que as girafas falavam (e muito) como todos os outros animais da floresta.
Antes, porém é necessário colocar uma explicação do motivo, pelo qual, a girafa tem um pescoço tão grande. Ocorre que, para se alimentar sempre das folhas mais frescas e saudáveis, a girafa forçava o pescoço para mais alto. Com o passar dos anos (milhares, claro) a evolução a privilegiou com o maior pescoço de todos os animais terrestres. Então, foi por esforço próprio que a girafa conseguiu o melhor ponto de vista entre todos os animais.
Ocorre que, por sempre ver mais longe (sua cabeça estava acima das árvores), a girafa falava de coisas que os seus amigos, animais de outras espécies, não conseguiam enxergar.
- “Olha, já está nevado na montanha!”
- “Nossa que por do sol mais lindo, está tudo uma vermelhidão!”
Isto começou a irritar aqueles que ouviam mas nunca puderam ter o prazer de desfrutar de tal espetáculo.
- “Tudo isto é bobagem!” – Disse o Leão.
- “Fala muito essa girafa” – Falou o Hipopótamo.
- “Palhaçada da girafa, só quer aparecer, pensa que sabe tudo!” – Resmungou o avestruz.
Muito humilhada e sentindo-se mal com os comentários cada vez mais agressivos a girafa começou a falar cada vez menos, até que um dia, muito aborrecida, resolveu se calar para sempre.
Provavelmente ela poderia estar falando até hoje se soubesse escolher os assuntos. Quem sabe se ela se dedicasse a previsão do tempo? Estaria se comunicando com um assunto de interesse geral e que seria útil aos animais desprovidos da capacidade de ver ao longe!
O grande equívoco da girafa foi falar de cenários que só ela tinha acesso.
Agora faça uma transposição disto para o seu dia a dia. Você tem escutado muitos leões, hipopótamos ou avestruzes resmungando sobre suas colocações? Pode ser até que não, pois estes personagens geralmente falam as escondidas.
No entanto, a observação é válida, pois muitas vezes gostamos de compartilhar nossas visões ou experiências com as pessoas que consideramos nossos amigos. Ocorre que, nem sempre, eles podem usufruir do mesmo parâmetro por motivos diversos. Alguns não têm o mesmo gosto musical, outros não gostam de viajar, tem aqueles que detestam ler e ainda, acredite, existe gente que não vai à praia.
No trabalho é a mesma coisa. As girafas vêm com ideias revolucionárias que são de pronto descartadas pelos leões.
Apenas – se este for o caso de encaixe – não seja tão dramático quanto a girafa. Escolha os termos mais acessíveis à todos. Procure outras girafas para falar sobre o horizonte distante, não se entristeça com aqueles que olham em outra direção. Afinal, lembre-se disto, foi a busca por melhores condições de alimentação que permitiu a evolução do pescoço da girafa.
João Oliveira é o diretor de Cursos do ISEC (http://isec.psc.br). Atua como professor universitário. Entre as matérias que leciona, está a Neurolinguística Aplicada à Psicologia Clínica, uma ementa inovadora no Brasil onde, junto com seus alunos, vem a cada semestre ampliando o conhecimento nesse tema. Com mestrado em Cognição e Linguagem na UENF-RJ e graduação em Psicologia e Publicidade, o autor ainda é apresentador de rádio e televisão, com mais de 20 anos no ar. e-mail oliveirapsi@gmail.com.br blog: Mente Humana http://www.joaooliveira.com.br
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